carta para um amigo

Querido amigo,

        esta carta é para você, que disse que me lê.
        Pois agora vamos saber se você anda me lendo mesmo.
       
       Foi uma surpresa muito grande quando você me ligou. É do tipo de pessoa que a gente não faz ideia de quando vai aparecer. Eu estava lavando a louça, lembro que era Natal. Eu, naquele dia, só resolvi lavar a louça à título de ter o que fazer enquanto esperava que Carol viesse me buscar. Foi quando tu ligou. Eu muito mais odeio do que amo atender o telefone. Eu realmente não gosto de telefone. Prefiro a palavra escrita a falada. E muitas vezes eu estou totalmente bege para o telefone, pois este não me causa prazer. Tu me ligar é diferente pois não nos vemos há pelo menos 4 anos. E tão pouco desses quatro anos eu sei de ti, mesmo que estejamos vivendo na era da internet.

      Telefones talvez sejam úteis mas não deixam de ser chatos nem mesmo quando o telefonema provém de uma pessoa que não se vê há muito tempo, porque neste caso ambas as partes querem falar ao mesmo tempo o excesso de assunto acumulado.

     É por isso que resolvi escrever. Porque assim eu tenho como te dizer que estou ouvindo muito Adanowsky, por exemplo. E posso falar também de tantas outras coisas, todas que eu for me lembrando pelo caminho. Coisas que adoraria te dizer pessoalmente, olhando nos teus incríveis grandes olhos verdes. Ah, que saudade de você!

     Há tanta coisa que mudou nesse tempo, tanto amadurecimento, é uma coisa tão bacana essa coisa de crescer e estar descobrindo ou redescobrindo a sua própria consciência, eu ando fazendo as pazes com a minha. Nunca me senti tão bem em toda a minha vida, eu nunca me senti tão segura.

     É fato que ando trabalhando como nunca e ainda não fiquei nem de longe rica, mas existe uma grande diferença entre ficar rica e se fazer o que se nasceu para fazer, e isso é muitíssimo valioso. Eu andei percebendo que tudo o que eu achava que era certo, veja só, era certo mesmo!
E foi fantástico descobrir que tudo o que eu dizia e pensava não era loucura da minha cabeça, era consciência.
     Foi assim que eu fiquei feliz, e concluí que todas as pessoas poderiam ser muito felizes se soubessem o que precisam.
     Eu tenho um terapeuta que me ajuda muito a perceber isso. E me mostra o quanto eu estive cega. A minha verdade não é um capricho, ela é uma realidade que faço valer porque acredito.
     Para isso precisei mudar velhos hábitos, e pasme, você não acreditaria se eu contasse.
Eu ainda não terminei de ver Império dos sonhos, e espero que você tenha algo a me dizer sobre isso, marujo.

                                                                                                                 Com amor,
                                                                                                                 Camiss Lee