Viagem a Darjeeling



Eu gostaria muito de comentar alguma coisa aqui desse universo que tanto me encanta que é o universo estético do diretor Wes Anderson.

Vi quase todos os filmes dele, com exceção do último, Fantastic Mr. Fox (2009), filme de animação, e todos os outros têm a mesma identidade visual, uma identidade retrô-peculiar cheia de elementos da fina flor da moda.





Viagem a Darjeeling, por exemplo, tem um figurino que é impossível não olhar. A aparência de cada um dos 3 personagens principais, interpretados por Jason Schwartzman, Adrien Brody e Owen Wilson, junto com uma combinação de acessórios e objetos vão contando a história da vida deles.



Anjelica Huston, a mãe missioneira. No filme ela é o motivo ou a desculpa da viagem que marca um importante e revelador encontro dos irmãos.



Se vê que o uso de ternos em foco e vários outros elementos do 'bem vestir' masculino, o 'bem vestir' conservador dos anos 50, é preservado, mostrando que ali por trás das câmeras tinha alguém com olhar apurado sobre a moda masculina atual, que visa resgatar justamente esses pequenos luxos da indumentária masculina perdidos, como dormir de pijamas, tomar café da manhã de robe, usar terno e sapatos no dia a dia, viajar carregando bagagem clássica.



Não é a toa que as malditas malas que brilham entre os acessórios dos atores tenham sido especialmente desenvolvidas por Marc Jacobs para o filme. Foi justamente esse conjunto de bagagens inspirado nas antigas viagens de trem, que fez meu coração doer por malas pela primeira vez.


O conjunto, impecável! Seus prints de coqueiros e animais selvagens, a pintura marrom e as iniciais do pai tem o tom do luxo lúdico-melancólico que envolve o filme.
[Aliás, todos os filmes do diretor]




A moda cansada do street wear grita pela alfaiataria. aaaaaaaaaaaaaaaah!


Não queremos mais ver nossos homens em jeans! Tênis? Ah! Cansamos. O tênis tomou o lugar dos sapatos. Os homens parecem ter desistido deles. Deveria ser proibido homens trabalharem de tênis.

No filme Jason Schwartzman anda descalço. Mas isso é parte do personagem.
Homens deveriam dar uma olhada! Até as transgressoras meias combinando com a camisa...?



De qualquer forma eu adorei esse filme por inteiro, que fala de pessoas e da vida, dessas conecções e das escolhas que podemos fazer. É reflexivo, envolvente em sua trilha sonora e também na imagem da colorida mística indiana.
E os tons sóbrios deles contrastam com as cores da Índia com humor.

Além disso, as trilhas dos filmes de Wes Anderson são muito boas, todas. Recomendo. Cheias de sons bem colocados, elas ajudam o filme a criar essa impressão visual retrô sofisticada e pós-contemporânea, que funciona muito bem e dá intimidade ao expectador.



Na foto abaixo, Natalie Portman fazendo cara de Jean Seberg em Paris. A foto é do curta-metragem 'Hotel Chevalier' (2007), o prólogo do filme.




imagens: reprodução