A primeira vez que a ouvi no rádio, a imagem que me veio na cabeça era a de uma cantora negra, uma Sarah Vaughan, uma Ella Fitzgerald, uma Nina Simone, uma Billie Holiday.
Eu jamais imaginara que se tratava de uma branca e como se não bastasse, uma guria. Era uma guria com um puta vozeirão e era uma guria com um visual incomum.
Eu jamais imaginara que se tratava de uma branca e como se não bastasse, uma guria. Era uma guria com um puta vozeirão e era uma guria com um visual incomum.
Amy Winehouse despertou minha atenção e aos poucos foi se tornando uma musa pra mim, porque aquela voz e aquela música continham alma e continham dor e ali tinha tudo o que eu também sentia.
Então quando vi todo aquele visual eu fiquei: 'ooohhhh'!
Não era uma coisa qualquer. Os elementos misturados, os 60's da peruca inspirada nas The Ronettes, os vestidos de pin-up com sutiã aparente, flores ou outros enfeites de cabelo, como lencinhos 50's, as tatuagens old school e os acessórios hip-hop-pop criaram uma figura peculiar, com inspiração no rock n' roll, soul, no R&B, jazz, no rap e até na dona de casa, que faz jantar enquanto espera seu marido chegar.
Não era uma coisa qualquer. Os elementos misturados, os 60's da peruca inspirada nas The Ronettes, os vestidos de pin-up com sutiã aparente, flores ou outros enfeites de cabelo, como lencinhos 50's, as tatuagens old school e os acessórios hip-hop-pop criaram uma figura peculiar, com inspiração no rock n' roll, soul, no R&B, jazz, no rap e até na dona de casa, que faz jantar enquanto espera seu marido chegar.
Tratava-se de uma diva pós-moderna! E como parte dessa nossa geração, uma diva sem elegância, uma diva bêbada que mal carrega suas saias apertadas de sexy femme fatale, que cambaleia no salto, que perde a pose na hora da foto, que bebe demais e fuma e cheira e faz tudo na sua ânsia de artista e chora e arranha seu macho com suas imensas unhas vermelho sangue.
Amy é pura emoção! Quando ficou realmente famosa no mundo, trouxe consigo uma nova estética para a música, cansada de loiras-falsas-taquaras-rachadas-que-sensualizam-all-the-time, trouxe de volta o vigor das divas dos anos 50 e sua postura super feminina retrô.
Ela ditou moda. Começaram a aparecer centenas de outras Amys espalhadas pelo mundo, a Europa botava dúzias de Amys pra fora, todas inspiradas pela primeira, todas queriam carregar aquela imagem revisitada e ao mesmo tempo nova, já que a própria acrescentou muito bling-bling à sua imagem de diva antiga (leia-se correntes e mais correntes douradas no pescoço).
O cabelo e a maquiagem foram o auge, do desfile da Chanel às passarelas brasileiras, de travestis à patricinhas, ninguém se importava, todos queriam sua fatia de ser Amy por um dia com delineador grosseiramente exagerado e cabelo nas alturas.
Amy é over sem medo. O disco Back To Black, 2006, foi feito todo em função do seu conturbado relacionamento com Blake, e carrega toda paixão e dor de um amor bandido. É possível sentir nas músicas como ela sofreu e se deixou levar pela paixão, como deixou que isso influenciasse sua música, e como transformou sofrimento numa obra prima belíssima, digna de épocas em que as pessoas cantavam o que viviam, e que já não existe.
imagens: reprodução